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segunda-feira, 23 de março de 2020

A Quarentena

Olha, no início eu pensei:
- Poxa, vida! O que será de nós?
Mas, com o passar das primeiras horas percebi que a mente é um campo fértil, qualquer que seja a semente que eu nela plantar.
Eita! Isso virou um exercício: filtrar, absorver, descartar. A informação vem sem dó, doa a quem doer, assuste a quem assustar, aflija quem afligir.
Não obstante, começam a aparecer casos novos de infectados pelo novo COVID-19 e por todos os outros males que dele decorrem. Depressões agravadas, emocionais abalados, notícias de enfarto. Oh, Deus! O Senhor ainda está aí?
Sim, Ele está, e olha que nada disso é assustador demais pra Ele! Nada é novo, nada é absurdo, nada é difícil de esquadrinhar. Mas, o livre arbítrio é, fundamentalmente, o pivô das catástrofes humanas. Ao crer que eu decido e resolvo, por isso, o faço sem respeito e orientação, logo me distancio de quem mais sabe sobre tudo. E agora? Precisamos arcar com a colheita, e olha que ainda assim, há espaço e tempo para deixar a terra preparada para novo plantio.

E ei-la, a quarentena!
Começam a chegar também as mensagens de carinho, de comunhão, as que contam sobre o juízo de Deus, e o coração se divide. O vírus mata ou não mata, morre ou não morre?! Cada um que acessa as redes tem algo a dizer. Há remédios caseiros e há falha em todos os esforços.... pelo menos é o que dizem. Há soros, boatos, gente que muito sabe e gente que nada! Nada de obedecer, nada de orar, nada de agradecer, nada de estender a mão, nada de entreter-se, nada a ser feito, principalmente quando o coração está endurecido.

Mas ela é persistente, a quarentena!
Ouvi que Shakespeare criou obras magníficas durante uma quarentena! Ouvi que corações pararam de bater pelo desespero de uma quarentena! Percebi que, dentro de casa, encontramos aquele momento com os filhos que sempre sonhamos ter, que aqueles afazeres que nunca conseguimos concluir está, agora, ao alcance de nossas mãos. Percebi que até para os corações cheios de fé, que têm a certeza de que tudo o que está acontecendo já havia sido dito e não passa de um cumprimento, há momentos difíceis, há medo. Por isso mesmo, estar em família é um escape mais que eficaz.
Mas concluí, ao passo dos dias que uma coisa a quarentena tenta e não consegue: Tirar do ser humano a ingratidão. A neurose diz: se você não pode sair, então você tem que sair, se você pode dormir, não durma! Se você não está infectado, problema de quem tá.

Ah, humanidade desumana! Até quando?

Continua...

Um comentário:

  1. 💭💭💭😥😥 O único jeito é ter fé em Deus e tentarmos ser pessoas melhores...

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